terça-feira, 3 de julho de 2007

"Mariposa Apaixonada de Guadalupe"


Essa vai para a "Mariposa apaixonada de Guadalupe", a moça da bunda quadrada!!!!

Recebi de meu Tio Marcus de Caratinga, um ótimo texto, que gostaria de compartilhar:

Lembrar e esquecer

A gente vive esquecendo: a senha do banco, onde estão os óculos, os ingredientes de uma receita tradicional. Apesar da raiva e do sentimento de incompetência, esquecer também é uma bênção. Pesquisa recente, publicada na revista `Nature Neuroscience’, demonstra que a habilidade de bloquear certas memórias é essencial para reduzir o estresse no cérebro, quando ele está tentando se lembrar de alguma coisa importante. Há um mecanismo de proteção que suprime memórias que possam dispersar o esforço necessário para metas prioritárias.

O mecanismo é ardiloso: podemos ver um rosto familiar e não reconhecer a pessoa - para que o encontro não nos desvie da rota de pensamentos. Justificam-se, então, os estereótipos do cientista `avoado’ e do intelectual ensimesmado.

O cérebro relega certos conteúdos para melhor acessar outros - a memória rápida depende da capacidade de podar excessos e configurar caminhos neuronais eficientes.

Há muito os cognitivistas argumentavam que o esquecimento é mecanismo de adaptação - que as pessoas inibem certas memórias para serem capazes de manter algum foco.

A boa memória é aquela capaz de afastar certos conteúdos do campo da consciência - mas o que está afastado não está perdido. E, a bem da verdade, muita coisa não fará falta: gravamos um monte de lembranças completamente inúteis.

Quando envelhecemos, costumamos nos queixar de que a memória está fraca. Se não houver patologia neurológica, daquelas que costumam danificar a memória (como no Alzheimer), a memória está é ficando naturalmente mais seletiva - não perde tempo com banalidades. Não grava aquilo que lhe pareça irrelevante. Pode-se até especular que ela tenha atingido um nível elevado de funcionamento.

Quem não consegue focalizar acaba não conseguindo realizar tarefas que exigem concentração: a cabeça fica derrapando e dando voltas desnecessárias, deixando que a consciência seja invadida por uma série de assuntos que, na hora, não têm cabimento.

A ansiedade dificulta a concentração, colocando todo o cérebro de prontidão e dificultando a focalização.

Na depressão, as memórias de coisas ruins ficam superativadas, interferindo na concentração.

No estresse pós-traumático, a mente se vê freqüentemente invadida pelas lembranças do episódio traumatizante, ou pela reedição dos sentimentos vividos, descarrilando o trem de pensamento, fazendo que a pessoa retorne à vivência traumática, desconcentrando-se de seus afazeres para se concentrar no `marco zero’.

Por muito tempo acreditou-se que a melhor maneira de diminuir os efeitos de um evento traumático seria fazer a vítima falar muito sobre o acontecido, na tentativa de dessensibilizá-la. Depois de 11 de setembro - e do esforço de um enorme time de profissionais da área da psicologia junto à população da cidade de Nova York - constatou-se que os mecanismos cerebrais normais de esquecimento conseguem fazer um trabalho mais eficiente, afastando a lembrança indesejável para poder seguir adiante com as tarefas rotineiras.

Coluna de Cibele Ruas

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